quinta-feira, 16 de junho de 2011

Jack, o escanção

Não consigo passar sem vinho. Sem vinho nem sequer vale a pena jantar. O vinho ajuda a tornar-me em mim próprio que, quando lúcido, sou perfeitamente execrável e detestável. Aliás, este post é escrito sobre influência descarada de uma garrafa de Rioja.


Comecemos: como sabem há vários tipos de vinhos: o tinto, o branco e o rosé. O rosé é cor-de-rosa e o branco é branco. Se querem orientação sobre vinhos cor-de-rosa ou brancos, epá, este post brilhante não é para vós.


Na altura de escolher um vinho recomendo que citem um nome estranho. Isso põe logo o empregado em sentido. Adicionalmente existe a forte probabilidade de ele, depois de revirar a cave inteira, regressar com um ar constrangido e dizer: "lamento, mas não temos...". Isto dá, de imediato uma vantagem a nosso favor. A humilhação a que sujeitámos o empregado são pontos extra. Podem mesmo pedir vinhos com nomes inventados como, por exemplo, "Focinho de Vaca"; "Bicicleta do burro", etc.


Não peçam, no entanto, estes abaixo porque existem mesmo e quem corre o risco de fazer figura de parvo são vocês: "Bastardinho de azeitão"; "Bucho"; "Cabeça de Burro"; "Caves da Porca"; "Cave das abertas"; "Torna Grande".


Para provar um vinho é absolutamente necessário manter o suspense. Imaginemos a cena: o empregado decantou o vinho, colocou no vosso copo, rodar o copo, fazer um ar enjoado e provar. Aqui devem reter o vinho na boca alguns segundos e fazer o ar de quem era capaz de mandar um monocasta Touriga Nacional de 2003 para trás. Ainda este fim de semana fiz isto e deixei a minha habitual companhia de jantaradas completamente impressionada, a rebolar-se aos meus pés com toda a minha classe. Também podem aprovar e, quando o empregado vai a servir, levantar a mão como se tivessem detectado algo manhoso no palato e deixar o empregado em suspenso (eles gostam disto, a sério). Depois aprovem! 
Também podem provar e cuspi-lo indignadamente. Aqui convém fazer alguma observação com sotaque francês como, por exemplo "Masss que merrda é essta que serrrviu,  mon dieu?". Não abusem, no entanto e, sobretudo, se tiverem a vossa companhia à frente!


Uma das merdas que convém evitar é aquela do "ah e tal, toque de frutos silvestres, ameixas e frutos secos". Corre-se o risco de apanhar com um empregado que perceba mesmo daquilo e o gajo demonstrar que confundiram baunilha com canela ou casco de carvalho com contraplacado.

Sem comentários: