segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Sobre a crise e quem a encomenda

Um homem vivia à beira de uma estrada e vendia fígados de galinha estufados. Não tinha rádio, não tinha televisão e nem lia jornais, mas produzia e vendia os melhores fígados da região. Preocupava-se com a divulgação do seu negócio e colocava cartazes pela estrada, oferecia o seu produto em voz alta e o povo comprava e gostava. As vendas foram aumentando e, cada vez mais ele comprava as melhores cebolas, os melhores temperos e os fígados das melhores galinhas. Foi necessário também adquirir um fogão maior para atender a grande quantidade de fregueses. O negócio prosperava... Os seus fígados estufados eram os melhores! 

Com o dinheiro que ganhou conseguiu pagar uma boa escola ao filho. O miúdo cresceu e foi estudar Economia numa das melhores Faculdades do país. Finalmente, o filho já formado, voltou para casa, notou que o pai continuava com a vida de sempre, vendendo os seus fígados de galinha estufado feitos com os melhores ingredientes e gastando dinheiro em cartazes, e teve uma séria conversa com ele:

- Pai, não ouve rádio? Não vê televisão? Não lê os jornais? Há uma grande crise no mundo. A situação do nosso País é crítica. Há que economizar!
Depois de ouvir as considerações do filho, o pai pensou: bem, se o meu filho que estudou Economia na melhor Faculdade, lê jornais, vê televisão e internet, e acha isto, então só pode ter razão!

Com medo da crise, o pai procurou um fornecedor de ingredientes mais baratos e de pior qualidade. Começou a comprar também fígados mais baratos. Para economizar, deixou de mandar fazer cartazes para colocar na estrada. Abatido pela notícia da crise já não oferecia o seu produto em voz alta. Tomadas essas 'providências', as vendas começaram a cair e foram caindo, caindo até chegarem a níveis insuportáveis. O negócio dos fígados de galinha estufados do homem, que antes gerava recursos... faliu. O pai, triste, disse ao filho: 
- Estavas certo filho, nós estamos no meio de uma grande crise.
E comentou com os amigos, orgulhoso: 
- Bendita a hora em que pus o meu filho a estudar economia! Ele é que me avisou da crise...




8 comentários:

Isa disse...

Sábio Jack! Mas sabes que tenho pra mim que é assim mesmo como dizes e pouco mais. Como não percebo nada de economia, não sei muito bem a quem interesse este permanente medo a que nos condicionam, é tudo mau, está tudo mau e vai ser tudo péssimo, quase que mais valia desistirmos de viver e pronto. Portanto, combatamos tempos difíceis com, exactamente, mais dificuldades.
Muito bom.

Pá, por uma beca ainda pensei que o negócio do senhor tivesse sido comprado pelos chineses. Chiça!
Do mal o menos.

Jack Merridew disse...

Vais ver eles ainda trocavam os fígados de galinha por alguma parte de outro mamífero qualquer...

Isa disse...

Sim. Diz que aquilo por lá é hiper populacionado.

Isa disse...

belhéque!

Jack Merridew disse...

Eu estava a referir-me a cão, macaco...




Tu também, não é?

Isa disse...

Bem, não exactamente. A menos que nos punhamos agora a chamar determinados bichos por determinados nomes ...

Jack Merridew disse...

Não sei se percebo a que te referes e também não sei se quero perceber...

Isa disse...

Exactamente o que sinto de cada vez que tento ler a composição qualquer coisa de origem chinesa!
Afinal entendemo-nos, vês? isto o qué preciso é boa vontade e merdas assim.

Tadinha da madre Teresa que deve ter sido tão mal compreendida...