segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Há algo de podre no reino da Dinamarca - #1


Sobre aeroportos:

Estou convencido que, muito mais que no Afeganistão, no Iraque ou em Alhos Vedros, o local onde os direitos humanos são mais desrespeitados são os aeroportos! Não, não me refiro àquelas senhoras do "check-in" que perguntam "ah e tal, quer um lugar à janela ou na coxia?..."; "só tem esta bagagem? Tão pequena..."...

Também gosto, de um modo geral, das pessoas que trabalham nos aeroportos. Falo de empregados de café, dos empregados balcão onde nos dão as revistas, da senhora da limpeza... Sinto alguma compaixão por eles. É como se passassem a vida a ver pessoas a ir viajar e eles nunca tivessem saído do aeroporto! É uma viagem eternamente adiada.

Refiro-me aos senhores que controlam a bagagem, esses mesmo, o pessoal do Raio-X! O local onde somos banhados em radiação, colocando a nossa descendência em causa, só para segurança de umas 200 ou 300 pessoas! A chegada ao calvário começa com a obrigação de se ter de percorrer um caminho ladeado de grades em S... Vira para cá, vira para lá, vira para cá... até ao estado de auto-estima dormente. Somos então convidados a colocar o pc, o pda, o casaco e, num ultimo assomo de despotismo, o cinto. A nossa dignidade colocada numa caixa cinzenta.

O cinto é, desde os primórdios da humanidade, ou pelo menos desde que há cintos, o sinónimo de masculinidade e de autoridade! Despojar um homem do seu cinto equivale a despojá-lo da sua humanidade; é o mesmo que remetê-lo para o tempo das feras; é o mesmo que dizer-lhe "és igual ao teu filho e não lhe vais dar umas arroxadas pela asneira que ele fez, ou porque o Benfica perdeu e te apetece...". É infame! É o mais baixo a que a condição humana pode ser sujeita.

Imagine-se que, mesmo sem o cinto, o Raio-X indica a presença de alguma parte metálica no nosso corpo. Abrir os braços e as pernas para ser sujeito a violação táctil por parte de um completo estranho, sem preliminares (relembrem que estamos sem o cinto!). É traumático. Pergunto-me mesmo se não posso incutir os custos do psiquiatra a traumas relacionados com isto. Um advogado, acho que preciso de um advogado!

Tenho três maneiras de reagir com as pessoas quando me contrariam: quando não as conheço ignoro-as, quando as conheço amuo, quando sou obrigado a acatar ordens resmungo!

Por o cinto, arrumar o pc... (resmungo!)
Subir escadas e entrar no free-shop... (resmungo!)
Comprar um pack de cigarros... Não são esses aí... São os da outra bancada... tem de pagar taxas.... (resmungo, resmungo!)
Café são 2 Euros... (resmungo, resmungo!)
Notas para o blog.... (resmungo!)
Sr. Merridew, ultima chamada para Sr. Merridew, para Copenhaga.... (Fuck, fuck, corre!!!!)




3 comentários:

S. disse...

História verídica envolvendo controlo de bagagem e cintos:

S. viaja com mais duas amigas que, ao chegarem ao tal ponto de controle de bagagem, raios-x e o diabo a sete, se vêem obrigadas não só a despejar todo o conteúdo das respectivas malas de mão, não fosse o rímel conter algum líquido explosivo, como a tirar as botas. Já enervadas com aquilo tudo, e porque eram aí umas 7 da manhã, ao comentário inocente de um dos controladores

- Desculpe, mas vou ter que a obrigar a tirar o cinto,

uma delas tira-o, fá-lo estalar e diz

-Com certeza! E eu agora perguntava-lhe onde é que o senhor quer apanhar!

Jack Merridew disse...

Ah, ah, ah! Kinky! Muito bom! E ele aceitou?

S. disse...

Ele não percebeu!
Não sei se por ser surdo, totó ou porque as nossas gargalhadas ecoaram por todo o terminal...