Edição especial de Natal

O Pardon Me (em Português, Perdoa-me) fez um ano na Sexta-feira passada, 29 de Outubro. A blogosfera em peso teve a sensatez de ignorar a data. A verdade seja dita, o blog esteve durante um longo período de tempo em hibernação, à semelhança dos ursos, o que no fundo serviu como justificação ao modo como a maior parte das pessoas que me conhece me trata.

Quando se começa um blog há várias dúvidas que nos assaltam. A primeira delas é, que pseudónimo escolher. No meu caso que escolhi imediatamente Jack Merridew. É o chefe do bando de crianças más no livro de William Golding, "O Deus das Moscas", interpretado, por algumas correntes simbolistas, como o diabo. Pareceu-me motivador, sei lá...

(Divagação 1: Confesso que me passou pela cabeça meter aqui o trocadilho fácil "O Deus das Mocas" mas vou evitá-lo uma vez que estou em modo intimista).

A segunda dúvida relacionava-se com o nome do blog. A escolha recaiu sobre o nome de uma música de Johnny Paycheck mas não foi minha. A escolha veio do distante Alentejo. Sim, é verdade, este é um blog internacional.

Sempre tentei não escrever sobre assuntos políticos. Era demasiado fácil. Que diabo, temos o Sócrates no governo. Os posts escreviam-se praticamente sozinhos.

No entanto nunca evitei temas fracturantes ou polémicos, como lobisomens e patinhos de borracha. Aliás a primeira polémica começou logo com as várias personagens na minha cabeça tentaram chegar a um acordo sobre o que fazer com isto: uma achava que não deveríamos ter temas polémicos, outra achava que não deveríamos ter tema; outra que achava que, em vez de um blog, deveria ser um número de sapateado; outra que não achava nada e que foi espancada pelos outros personagens, o que acabou por constituir um espectáculo arrepiante sobretudo para quem não gosta de ver sangue.

Nesta edição especial pedi a algumas eminentes personalidades da blogosfera para escreverem umas palavras nesta edição especial.

Foi uma pena que nenhuma tivesse aceite.

"Jack o quê...??" disse o A;

"Eh pá, gostava muito mas tenho de ir lavar o carro, ou a mota, ou outra coisa qualquer" disse o Grilo;

"Agora não posso que acabei de pintar as unhas" disse a Gata das Botas;

O AD, o Grassa, o Bock, e todos os outros que não me puderam atender nas vinte e tal vezes que lhes liguei. Foi azar, pronto!

Mesmo assim acho que não era necessário a Vani e a Nawita terem chamado a polícia e muito menos a Isa ter-me soltado os cães... acho que não era necessário... não era...

As feridas físicas saram depressa, e o trauma psicológico possivelmente também... um dia, quem sabe... talvez passe...

Talvez...

Houve alturas em que tive algumas dificuldades de relacionamento com o Jack. A maior crise terá aparecido quando me apercebi que tinha leitores dos meus posts. Entrei em pânico. Tive um ataque de síndroma de Kurt Cobain: "é muita responsabilidade, não estou preparado". Nessa altura apeteceu-me também rebentar com a cabeça do Jack mas, parecendo que não, isso era coisa para me magoar.

(Divagação 2: Aprecio os músicos americanos. Antes de se tornarem cadáveres ambulantes rebentam com os miolos. Sim, António Manuel Ribeiro, é contigo que estou a falar. Já há 20 anos que me deves uma overdose. Vai lá tratar disso, se fazes favor. E leva o Miguel Ângelo contigo. Obrigado!)

Claro que recebo mesmo mensagens de incentivo de pessoas muito interessadas na natureza básica do meu humor e sarcasmo:

"Patos de borracha vibradores? Mas que tipo de desequilibrado é você ?".

São estas mensagens que me dão força para continuar com o espírito que anima qualquer pirómano com uma lata de gasolina e fósforos na mão.

Onde houver perdão, levar a ofensa!

Onde houver verdade, levar o erro!

Onde houver luz, levar as trevas!

E prontes, era isto que tinha para dizer!